A chegada da Arauco, multinacional chilena, está redefinindo o cenário do mercado de trabalho no município de Inocência. Em apenas 12 meses, o estoque de vagas formais de trabalho com carteira assinada registrou um impressionante aumento de 271%, impulsionado pela instalação do canteiro de obras da nova planta de celulose.
Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) revelam uma transformação notável. Em junho de 2024, antes da Arauco iniciar suas operações na região, Inocência contava com 1.335 trabalhadores formais. Em maio de 2025, esse número saltou para 4.961 vagas, demonstrando o impacto significativo do investimento da multinacional. A expectativa é que esse crescimento continue ao longo do ano, com a Arauco prevendo a geração de 14 mil postos de trabalho no auge das obras.
Para uma cidade com uma população estimada em 8.712 habitantes, conforme o IBGE 2024, ter mais da metade de sua população economicamente ativa empregada formalmente representa um avanço considerável. Vale ressaltar que esses números não incluem funcionários públicos, microempreendedores individuais ou empresários, focando apenas nos contratos regidos pela CLT.
Mudança de perfil no emprego local
A transformação não se limita apenas ao volume de vagas, mas também ao perfil do mercado de trabalho. Há um ano, a agropecuária era o principal setor empregador em Inocência, com 859 trabalhadores. Serviços vinha em segundo (402) e comércio em terceiro (297). Curiosamente, a construção civil praticamente não registrava empregados, e a indústria contava com apenas 48 contratos ativos.
Com a presença da Arauco, o setor de serviços assumiu a liderança, empregando 2.277 trabalhadores em maio de 2025 – um número que, por si só, supera o total de empregos formais em toda a cidade no ano anterior. A construção civil, antes inexpressiva, agora ocupa o segundo lugar com 1.251 vagas, evidenciando o boom das obras da fábrica. A agropecuária, embora ainda relevante, registrou 920 empregos, enquanto o comércio e a indústria contam com 315 e 198 trabalhadores, respectivamente.
Concorrência na celulose e geração de renda
A nova fábrica da Arauco terá capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, posicionando-se como um forte concorrente à Suzano, que atualmente opera a maior planta do mundo em Ribas do Rio Pardo, com capacidade de 2,55 milhões de toneladas. A Arauco optou por uma única linha de produção de maior porte, com o objetivo de otimizar sua capacidade.
Além da geração massiva de empregos durante e após as obras (estimados em 6 mil diretos e indiretos), a Arauco destaca em seu site o propósito de impulsionar o desenvolvimento social e econômico da região. O investimento previsto é de US$ 5,6 bilhões, equivalente a mais de R$ 24 bilhões na cotação atual. A planta também será autossuficiente em energia, gerando 400 MW, com o excedente sendo vendido para o sistema.
A expectativa é que, até o fim de 2027, com a conclusão da fábrica, a transformação em Inocência seja permanente, solidificando a região como um polo de produção de celulose e um motor de desenvolvimento para Mato Grosso do Sul.(Com informações Correio do Estado)