Em uma iniciativa que busca ampliar a ressonância local do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a Prefeitura de Brasilândia, através da Secretaria Municipal de Assistência Social, infunde a campanha deste ano com uma conexão entre uma tragédia nacional emblemática e uma dor profundamente sentida pela comunidade. Ao lado da lembrança de Araceli Cabreira Crespo, a menina de 8 anos cujo brutal assassinato em 1973 originou a data de 18 de maio como marco de luta, a campanha de 2025 destaca com igual veemência a memória de Gabrielly Magalhães de Souza, criança brasilandense vítima de feminicídio em 2020, após denunciar o abuso que sofria pelo padrasto.
Esta decisão estratégica de entrelaçar as duas histórias confere à mobilização um significado particularmente forte e urgente para os munícipes. "Neste ano, a campanha tem um significado ainda mais forte. Além de lembrar a história de Araceli Crespo — menina de 8 anos assassinada em 1973 após sofrer abuso sexual, o que originou a data nacional —, também será destacada a memória de Gabrielly Magalhães de Souza, criança brasilandense vítima de feminicídio em 2020, após denunciar abuso cometido pelo padrasto", conforme destacado pela própria prefeitura ao anunciar as ações.
O caso de Araceli, ocorrido em Vitória–ES, chocou o Brasil pela crueldade – sequestro, tortura, abuso sexual e assassinato – e pela subsequente impunidade dos acusados, membros de famílias influentes. A morosidade e as falhas na investigação culminaram na absolvição dos suspeitos, transformando Araceli em um símbolo da vulnerabilidade infantil e da necessidade de um sistema de justiça mais eficaz. A Lei Federal n.º 9.970/2000 oficializou o 18 de maio como o dia nacional de combate, em sua memória
Paralelamente, a comunidade de Brasilândia carrega a ferida aberta do caso de Gabrielly Magalhães de Souza A menina, de 10 anos, foi assassinada pela própria mãe após revelar os abusos sexuais cometidos pelo padrasto. A brutalidade do crime, que incluiu enforcamento e sepultamento ainda com vida, e o fato de a família já ser acompanhada por órgãos da rede de proteção local, geraram profunda comoção e questionamentos. Em resposta, o município instituiu o "Dia Gabi Vive", celebrado em 21 de março, data da morte da menina, como um momento de conscientização e homenagem local.
Ao unir estas duas narrativas, a campanha de Brasilândia busca sensibilizar a população de maneira mais direta e visceral. A história de Araceli ancora a luta em um contexto nacional e histórico, enquanto a de Gabrielly traduz a urgência da causa para a realidade cotidiana dos brasilandenses, lembrando que a violência contra crianças e adolescentes é uma ameaça próxima e real.
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A programação da campanha, fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Assistência Social, CRAS, CREAS, Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e a Secretaria Municipal de Educação (via NAPE), inclui palestras educativas em escolas e "adesivaços" em praças públicas nos dias que antecedem o 18 de maio.
O objetivo, segundo a prefeitura, é "sensibilizar, informar e engajar a sociedade para o enfrentamento desse tipo de violência, que muitas vezes acontece de forma silenciosa, dentro do próprio ambiente familiar".
Programação da campanha
Durante a semana que antecede o 18 de maio, equipes da rede de proteção realizarão uma série de palestras educativas nas escolas da rede municipal e estadual de ensino. As atividades contarão com o apoio do NAPE, levando informação adequada às diferentes faixas etárias.
Já no dia 16 de maio, a programação inclui dois grandes momentos de mobilização comunitária:
8h (MS): Adesivaço na Praça Santa Maria
16h (MS): Adesivaço na Praça da Pedra
A organização convida a população a vestir branco, simbolizando paz e proteção à infância.
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