Bataguassu está na iminência de vivenciar a maior transformação socioeconômica de sua história. A possível confirmação da instalação da nova fábrica de celulose da Bracell, um projeto de R$ 16 bilhões, acena com uma era de prosperidade sem precedentes para o município de cerca de 24 mil habitantes, mas também acende um alerta sobre a capacidade da infraestrutura local e o tecido social para absorver um crescimento tão acelerado. O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) do empreendimento detalha essa dinâmica de oportunidades e desafios.
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O impacto mais imediato e celebrado será no mercado de trabalho. A fase de construção da fábrica, prevista para durar até 38 meses, demandará um contingente impressionante: cerca de 12.000 trabalhadores no pico das obras. Para a fase de operação, a previsão é de 2.000 empregos diretos e indiretos (entre funcionários próprios e terceirizados), representando um impulso duradouro para a empregabilidade local.
A Bracell, segundo o RIMA, se compromete a priorizar a contratação de mão de obra local e a investir na qualificação profissional, planejando parcerias com instituições como SESI/SENAI para capacitar moradores para os setores de construção civil, operação de celulose e manutenção.
Essa injeção de empregos, somada ao próprio investimento bilionário, promete gerar um forte "efeito multiplicador" na economia. Espera-se um aquecimento significativo do comércio e dos serviços locais, desde restaurantes e hotéis até fornecedores de bens e serviços diversos, potencialmente levando à abertura de novas empresas e ao fortalecimento das existentes. A arrecadação de tributos municipais e estaduais também deve crescer substancialmente, ampliando a capacidade de investimento público. Atualmente, o PIB de Bataguassu é majoritariamente composto pela indústria (34%), serviços (33%) e administração pública (16%).
A pressão sobre a infraestrutura e o tecido social
O grande desafio reside em acomodar o súbito aumento populacional, especialmente durante a fase de obras. A chegada de milhares de trabalhadores de fora exercerá uma pressão intensa sobre a infraestrutura urbana de Bataguassu:
Ações da Bracell para mitigar impactos e gerar valor compartilhado
Consciente desses desafios, a Bracell detalha no RIMA uma série de programas e ações focados na mitigação dos impactos socioeconômicos negativos e na potencialização dos positivos:
Detalhes do projeto em Bataguassu
A futura planta industrial está projetada para ser construída em uma área estratégica: a aproximadamente 9 km da zona urbana, às margens da rodovia BR-267, e a 3,9 km do Rio Paraná. A área total diretamente afetada pelo empreendimento soma 1.318 hectares, sendo a maior parte composta por pastagens já degradadas, minimizando o impacto em vegetação nativa.
Um ponto crucial é a gestão hídrica: a captação de água será feita diretamente do Rio Paraná, sem a necessidade de construção de barragens. A Bracell assegura no estudo que 90% do volume captado será devolvido ao rio após tratamento adequado, seguindo rigorosos padrões ambientais.
Para alimentar a produção, a fábrica demandará cerca de 12 milhões de metros cúbicos de eucalipto por ano como matéria-prima. A capacidade produtiva é robusta e flexível, podendo operar em duas configurações:
Expectativa e Contexto
Embora o EIA/RIMA detalhado para Bataguassu seja um forte indicativo, o governo estadual e a própria empresa ainda tratam a escolha do local com cautela. A confirmação oficial, esperada para maio, definirá o futuro do investimento bilionário.
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